Em Viana do Castelo, a assistência hospitalar era prestada quase no final do século XX num edifício construído no século XVI, que estava em avançadíssimo estado de degradação, apetrechado com equipamentos muito rudimentares e com pessoal médico, de enfermagem, técnico e auxiliar em número muito reduzido e profundamente desmotivado.
Depois do 25 de Abril iniciou-se, finalmente, a construção do novo Hospital na encosta do monte de Santa Luzia mas, inexplicavelmente, em 1981 as obras estavam suspensas há cerca de dois anos, sem qualquer justificação dos poderes instituídos.
Respondendo ao desfio do jovem médico especialista Defensor Moura, um grupo de cidadãos constituiu a Liga dos Amigos do Hospital, tendo como primeiro objetivo pressionar o Governo para retomar a construção e apetrechamento do edifício e abrir rapidamente o novo Hospital.
O registo notarial dos Estatutos da Liga dos Amigos do Hospital de Viana do Castelo, como instituição de solidariedade social, realizou-se em 27 de Outubro de 1981, com a presença de todos os dirigentes do movimento e foi publicado no Diário da República em 28 de Novembro do mesmo ano.
Além da maioria dos profissionais hospitalares, mais de oito mil cidadãos de todo o distrito subscreveram um abaixo-assinado de apoio à Liga, pugnando pela humanização dos serviços hospitalares.
Depois de uma esclarecedora reunião com a direcção da Liga, o Ministério retomou a construção do novo Hospital e nomeou uma nova Comissão Instaladora que, etapa a etapa, foi transferindo os serviços hospitalares para o novo edifício.
A inauguração informal do Novo Hospital de Viana do Castelo realizou-se no dia 6 de Janeiro de 1984, na sessão de abertura das I Jornadas Médicas do Hospital.
Mas, sendo principalmente de reivindicação de um DIREITO, o direito à Saúde que estava a ser escamoteado aos vianenses há tantos anos, a Liga dos Amigos do Hospital marcou desde os primeiros passos o caminho que havia de ser prosseguido para melhor servir os doentes – o DEVER de contribuir para a satisfação plena daquele direito, complementando e completando sempre que possível e necessário, as funções da instituição hospitalar.
Colaboração efectiva que passou pela Promoção da Dádiva de Sangue e a angariação de novos dadores benévolos, pelo Voluntariado de apoio directo aos doentes internados e aos seus familiares e, também desde a primeira hora, a Benemerência para adquirir e oferecer equipamentos técnicos e de humanização aos serviços hospitalares.
Logo em 1982 a Liga organizou o I Curso de Voluntariado Hospitalar cujos candidatos receberam o diploma na sessão realizada na Associação Comercial.
Para a Promoção da Dádiva de Sangue os dirigentes da Liga percorreram semanalmente os dez concelhos do distrito, criando núcleos de dadores de sangue, alguns dos quais se constituíram posteriormente como Associações de Dadores.
Ao fim de dez anos de persistente campanha de angariação de novos dadores, em 1992 o Serviço de Sangue do Hospital de Viana do Castelo ultrapassou o número de dádivas para satisfazer as necessidades anuais dos seus doentes e foi o primeiro hospital do país auto suficiente em sangue, sucesso fruto do trabalho voluntário das equipas das sucessivas direcções presididas por Defensor Moura (1981/94) e consolidado nos mandatos presidido por Artur Cardoso (1995/96) e Luís Belo (1997/2002), mantendo-se até ao presente a plena satisfação das necessidades do Hospital (cerca de 6 mil dádivas colhidas anualmente no Serviço de Sangue e nas Brigadas no distrito).
Desde o início que a Liga dos Amigos se empenhou na Oferta de Equipamentos aos serviços hospitalares para melhorar o conforto dos doentes e aparelhagens técnicas para apoiar a intervenção dos profissionais.
Para tal, além das pequenas contribuições anuais dos Amigos do Hospital, a Liga fez inicialmente Peditórios de rua e depois promoveu campanhas de angariação de fundos junto dos cidadãos mais abastados, para adquirir os equipamentos mais vultuosos.
Além dos primeiros aparelhos cardio-pulmonares da Sala de Reanimação do Serviço de Urgência, a Liga ofereceu logo nos primeiros anos múltiplos equipamentos técnicos e de humanização dos serviços hospitalares e, até, uma viatura nova para o serviço de Sangue realizar as Brigadas de colheita em todo o distrito.
O Voluntariado junto dos doentes, depois de múltiplas hesitações e resistências das Administrações do Hospital, só passou a ser directamente dependente da Liga durante a direcção presidida por Adelina Bandeira Correia (2002/04), que organizou e promoveu a formação de maiores grupos de Voluntárias e Voluntários.
Trabalho de organização, formação e progressiva integração nos serviços durante a direcção presidida pela Enfermeira Fátima Sá (2005/07), no vigésimo quinto ano de actividades da Liga dos Amigos do Hospital, cuja sessão comemorativa se realizou no grande auditório do Castelo de Santiago da Barra.
No 25º aniversário foi publicado um livro com a breve história da Liga dos Amigos do Hospital, da autoria de Manuel Inácio Rocha.
O autor e Voluntário Manuel Inácio Rocha foi o presidente das direcções da Liga durante os anos seguintes (2008/2015), aumentando o número de membros do Corpo de Voluntariado e alargando a sua acção a mais serviços de internamento e ao acolhimento no átrio do Hospital, criando de novo o Serviço de Pequenos Almoços Gratuitos no ambulatório.
Foi no mandato presidido por Manuel Inácio Rocha que, em também se inicio a publicação do Boletim anual da Liga, de que se publicou o nº 14 no 40º aniversário.
Em 2016 Defensor Moura voltou à liderança da direcção (2016/2020) e, além do incremento das actividades da Liga, houve uma significativa mudança da apresentação das voluntárias e dos voluntários no desempenho das suas funções no Hospital com a Gola do Voluntariado, para mais fácil identificação e distinção dos profissionais hospitalares.
Na promoção da Dádiva de Sangue, foram convidados cidadão com maior visibilidade e influência pública para participarem nas campanhas de angariação de dadores como Promotores da Dádiva de Sangue.
No âmbito da oferta de equipamentos, a Liga “aventurou-se” a fazer uma campanha para angariação de cerca de 100 mil euros (5 vezes o seu orçamento anual!) para adquirir um Mamógrafo Digital com Estereotaxia, para oferecer ao Serviço de Radiologia do Hospital, para o diagnóstico e acompanhamento do Cancro da Mama. Os vianenses responderam afirmativamente e as mulheres vianenses estão a ser servidas por o mais moderno equipamento, evitando tormentosas viagens ao Porto.
Com o surgimento da Covid 19 em 2020 a Liga dos Amigos do Hospital, apesar de ter suspendido o Voluntariado de apoio directo aos doentes, não ficou de braços cruzados e lançou uma campanha de angariação de fundos para apoiar o Hospital e os esforços dos profissionais de saúde no combate à pandemia.
Além de instalar vidros laminados separadores das camas e dos isolamentos da UCI e da UCIP a Liga adquiriu e ofereceu ao Serviço de Medicina Intensiva 10 Ventiladores Respiratórios e 5 Monitores de Sinais Vitais, além de outro equipamento menos vultuoso, angariado com mais de cinco centenas de donativos de cidadãos e empresas e o apoio do movimento rotário do distrito e, principalmente, da Dioceses de Viana do Castelo.
E, ainda, com o apoio da Diocese e de grupos de voluntários e de diversas empresas montou um Hospital de Rectaguarda – UR Covid 19, no Seminário Diocesano, para eventualmente acolher doentes em convalescença que não tivessem condições de isolamento no domicilio e libertar camas no Hospital para os doentes que carecessem de cuidados diferenciados.
Estando já desactivada há alguns anos a viatura oferecida pela Liga nos anos 80 e realizando-se as Brigadas de colheita de sangue num táxi, a Liga ofereceu ao Hospital uma nova viatura, para o que conseguiu apoio financeiro da Fundação de Crédito Agrícola.
Viatura a que a direcção da Liga decidiu atribuir o nome do Dr. Eduardo Delgado, homenageado como Amigo do Hospital Honorário, na aposentação por motivo de doença.
Em 19 de Julho de 2020 iniciou funções a direcção presidida por Ana Margarida Ferreira da Silva, atualmente em curso.